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Queremos fazer tua vontade, és o verdadeiro Deus libertador
Não vamos seguir as doutrinas corrompidas pelo poder opressor
Pedimos-te o pão da vida, o pão da segurança, o pão das multidões
O pão que traz humanidade, que constrói o homem em vez de canhões
O, o, o, o, o, o, o, o
Perdoa-nos quando por medo ficamos calados diante da morte
Perdoa e destrói os reinos em que a corrupção é a lei mais forte
Protege-nos da crueldade, do esquadrão da morte, dos prevalecidos
Pai nosso revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos
Pai nosso, revolucionário, parceiro dos pobres, Deus dos oprimidos
O, o, o, o, o, o, o, o
Pai nosso, dos pobres marginalizados
Pai nosso, dos mártires, dos torturados
Nós conhecemos as nossas limitações, nós sentimos os nossos achaques. A vista e o ouvido diminuem, as forças enfraquecem, o humor facilmente azeda um pouco, a vida fica como cansada. É cuidado e mais cuidado, remédio e mais remédio. Carro velho que tem que encostar de vez em quando e procurar de vez em quando a oficina.
Isso, do lado mais ou menos escuro da velhice. Tem também, tem sim, seu lado bom: Os fogos deslumbrantes da juventude, sem o brilho irritante da idade forte.
A velhice é uma longa lição aprendida, com muitos dias de aula viva e personalizada. Essas muitas folhas de calendário, que foram caindo ao longo dos anos, juntaram-se no livro pessoal da própria vida. A minha velhice é a minha vida acumulada.
E tempo propício para meditar, para acolher a palavra de Deus, para refazer a algumas linhas tortas que a gente foi traçando vida afora.
A velhice é uma espécie de Sacramento de penitência e de conversão, de agradecimento e de esperança. Deus fica mais perto.
As vaidades e as mentiras foram-se, tocadas pelo vento do espírito, despidas à luz da experiência escarmentada.
Para quem é velho, a velhice é a melhor idade. Para cada pessoa a melhor idade é aquela que tem. Hoje será a juventude, amanhã será a idade adulta, depois de amanhã será a velhice, a doce, a sofrida, a esperançada velhice!
Agora, falando para quem ainda não é velho ou velha (e que Deus lhes conceda uma velhice feliz!), valem alguns conselhos. Permitem?
– Valorizar as pessoas idosas como pessoas com história própria, com experiência vivida, com direitos inalienáveis. O velho não é um fardo encostado; uma velha não é um resto de vida.
– As pessoas idosas querem compreensão, atenção, carinho, não querem só compaixão.
– Devem ser visitadas, devem ser informadas do que acontece ao seu redor e no mundo. Estão vivas!
– Devem ser provocadas para o diálogo e chamadas a participar.
– Mas tem que ser respeitadas no seu silêncio e no seu ritmo. Barulho e pressas não condizem com velhice.
– Deve-se favorecer a sua vida de oração, a participação na comunidade eclesial, o amadurecimento na fé.
– A velhice gosta e precisa de flores e música, de bom humor e de esperança. Fora toda a tristeza, que até a morte é Páscoa!
O cajado na mão, a mão no ombro, o neto no colo, o tempo passando, as folhas caindo, a vida amadurecendo. Deus se aproximando. Para nós, os velhos e velhas (até Deus é “o velho de dias” segundo a Bíblia), a velhice é a melhor idade porque é a nossa, o hoje de Deus no nosso hoje maduro.
Pedro Casaldáliga
Publicado no Jornal Alvorada, em março-abril de 2003
Enviaremos apenas informações do Bispo Casaldáliga, de sua obra e do trabalho nas suas causas.
Pedro Casaldáliga é uma figura global. Reconhecido no mundo todo pelo seu compromisso, sua coerência e sua luta em favor dos camponeses sem terra, dos povos indígenas e dos que mais sofrem. Mas, como é o seu trabalho concreto, dia a dia, na região onde vive há mais de 50 anos?
29 de fevereiro de 2020 (atualitzado)
As causas de Casaldáliga
A região do Araguaia é do mesmo tamanho de países como Portugal ou Guatemala. Com a maioria das estradas não pavimentadas, para atravessá-la precisamos de mais de 10 horas de ônibus entre lama ou poeira, dependendo se é estação da seca ou da chuva.
O Araguaia é uma terra marcada por uma história de grandes latifundiários que, ainda hoje, mantém impérios agroindustriais dedicados à produção de soja ou à criação de gado para a carne.
São hectares e hectares de plantações, cujos produtos são enviados para a Europa, junto com milhares de cabeças de gado cuja carne é enviada principalmente para a China.
Nos primeiros anos da chegada de Casaldáliga ao Araguaia, em 1968, o principal problema era o acesso à terra: os pequenos agricultores não tinham onde plantar. Assim, o surgimento das primeiras cidades baseou-se no confronto aberto e sangrento entre proprietários de terras e camponeses.
Os povos indígenas foram simplesmente expulsos de suas terras ou dizimados de seus modos de vida até desaparecerem do lugar. A “lei do 38” era a única Lei e tomar partido como Casaldáliga e sua equipe fizeram, foi um ato onde se arriscava a vida. Muitos foram torturados e mortos.
Hoje violência no campo continua a ser uma realidade palpável nesta região da Amazônia e, infelizmente, estamos vivenciando casos de agressões, expulsões e ameaças. Talvez os confrontos não sejam tão habituais ou violentos como nos anos 70 e 80, mas ainda morar no Araguaia e defender os sem-terra ou os indígenas, é correr risco.
Além disso, apesar de algumas terras terem sido conquistadas nos anos 70 e 80, em grande parte graças à força de Casaldáliga, ainda estamos longe de poder afirmar que o campo brasileiro é um bom lugar para viver. A grande propriedade continua a ser predominante e o pequeno agricultor, esquecido.
Desde a década de 2000, a principal dedicação da equipe de Casaldáliga é, portanto, trabalhar ao lado dos camponeses que têm a posse de um pequeno lote de terra, para que possam alimentar a sua família.
A alimentação familiar é a nossa prioridade.
No Araguaia, ainda temos sérios problemas de desnutrição, especialmente crianças. Por isso, tentamos ajudar as famílias a terem a sua própria produção de alimentos: arroz, mandioca, milho, abóbora, etc., pois são produtos que podem ser cultivados no Araguaia e que formam a base da alimentação regional.
Para isso, estamos dedicados a fornecer mangueiras, bombas, arame, etc., para que mais ou menos 50 famílias por ano possam fazer suas pequenas hortas e alimentar melhor as suas famílias.
Também, ao longo de todo o ano, nossos agrônomos visitam as plantações e acompanham as dificuldades e o processo para garantir que está indo bem.
Além de legumes e alguns vegetais, também precisamos de frutas. Portanto, trabalhamos com as famílias de agricultores para plantar árvores frutíferas em suas terras. Para isso, fornecemos materiais de irrigação, construímos poços para a água, transportamos sementes e mudas, etc.
O excedente das frutas as famílias vendem para a mini-indústria que temos em São Félix do Araguaia, onde produzimos suco que depois vendemos na região.
É um processo longo, porque as árvores precisam de tempo para dar frutos; além disso, estamos sempre sujeitos aos riscos de uma agricultura desenvolvida em terras que foram destruídas ambientalmente (com nutrientes escassos, erosão, etc); e enfrentamos a enorme dificuldade de não ter água o ano todo.
Mas, apesar disso, todos os anos, conseguimos comprar 50.000 quilos de frutas tropicais que transformamos em suco natural!
No Brasil, existem mais de 250 povos indígenas, que falam 150 línguas diferentes. Quase 1 milhão de pessoas pertencentes a algumas das populações ancestrais que habitaram o Brasil antes da ocupação européia.
No Araguaia, convivem os povos Tapirapé (Apyãwa), Karajá (Iny) e Xavante (A’uwe). Desde que a região começou a ser ocupada pelos “brancos”, a história dos povos indígenas é marcada pela violência, a perda de suas terras e o roubo de seus recursos naturais.
Em um momento histórico em que o pensamento único se espalha e em que parece que existe apenas um modo aceitável de sentir, falar e viver, alguns povos indígenas se encontram no desafio de re-construir sua identidade e de se re-colocar no contexto global em que vivemos.
Em 2012, o Povo Xavante, a 120 km da casa de Pedro, em São Félix do Araguaia, recuperou seu território ancestral: a Terra Indígena Marãiwatsédé. No entanto, depois de mais de 50 anos ocupados por brancos, a área não tem mais de 15% de sua vegetação original e sofre com a falta de água, solos sem nutrientes, etc.
Nesta situação, nossa vida diária é baseada em apoiar o plantio de alimentos para as mais de 800 pessoas que vivem em Marãiwatsédé ; ajudar na construção de poços e rodas para que eles tenham água; e, em geral, apoiamos as atividades de recuperação cultural que uma organização especializada em causa indígena realiza na área, a Operação Amazônia Nativa.
Para chegar à terra Marãiwatsédé leva 4 horas de carro, e as condições de vida lá são muito difíceis. Além disso, é necessário que as pessoas que estão na aldeia conheçam a cosmovisão Xavante refletida através de seus costumes, crenças e valores, bem como suas formas de participação e organização, etc.
Em São Félix do Araguaia, 30% da população vive com menos de 1 euro por dia. A maioria das pessoas não tem emprego registrado e o acesso ao hospital especializado mais próximo fica a mais de 24 horas de ônibus.
Um dos primeiros direitos universais é a saúde. No Araguaia, no entanto, esse direito não está garantido. E está longe disso.
Por outro lado, nós acreditamos na eficácia de plantas medicinais, das ervas, dos cipós, das folhas e das frutas, cujos benefícios são conhecidos em toda a comunidade e são transferidos de mães para filhos, de geração em geração, sem direito de propriedade, patentes, indústria…
Recuperar e valorizar o conhecimento tradicional, que forma a herança da Humanidade, faz parte de nossas convicções.
Portanto, nos dedicamos a ensinar a fabricação de remédios naturais caseiros, a partir do conhecimento local, e fazemos produtos como xarope para tosse, sabonetes para piolhos, balinhas expectorantes, etc.
A maioria das famílias que atendemos não tem a menor condição de tratar seus filhos em clínicas particulares e a saúde pública é muito pobre, por isso tentamos evitar o máximo possível a complicação de doenças que eles os forçariam a enfrentar 24 horas de ônibus e acabariam com as já escassas economias familiares.
A falta de emprego e renda para a família condena muitos à extrema pobreza. Uma realidade que afeta especialmente às mulheres, que veem como o seu papel social e familiar é submetido por uma cultura machista, que as aprisiona em seu trabalho.
Pensando nisso, já no ano 2000, começamos um projeto de microcrédito solidário para que as pessoas em situação de pobreza pudessem iniciar pequenos negócios e ganhar a vida com eles.
Atendemos principalmente mulheres e oferecemos um empréstimo de 500 a 1.200 reais, para que possam começar uma pequena padaria, uma oficina de costura, uma venda de doces, uma criação de galinhas, um pequeno pomar, etc.
Não pedimos garantias materiais: só que elas se juntem com outras 2 ou 3 pessoas e se comprometam a devolver o empréstimo.
Todos os anos, formalizamos mais de 300 créditos, já que muitas mulheres renovam e estendem seus empréstimos para continuar crescendo e melhorando a vida de suas famílias.
AS ÚLTIMAS PUBLICAÇÕES
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“A primeira semana de nossa estadia em São
Felix morreram quatro crianças e passaram por casa em
caixas de papelão, como sapatos, a caminho do
cemitério no rio. Nesse mesmo lugar, mais tarde, teríamos
que enterrar outras crianças e
outros muitos adultos, muitas vezes sem sequer uma caixa e nem mesmo um nome “.
Creio na Justíça e na Esperança. Pedro Casaldáliga, 1975
Sete dias de caminhão desde São Paulo. Era o mês de julho de 1968 e os missionários Pedro Casaldáliga e Manuel Luzón chegaram às terras de São Félix do Araguaia, na Amazônia, 1.200 km ao norte de Brasília. Uma área do tamanho de todo o Portugal, “de rios e campos e floresta, ao noroeste do Mato Grosso, dentro da chamada Amazônia” legal “, entre os rios Araguaia e Xingu”, era sua “missão” e acabaria sendo também a sua terra.
A região do Araguaia pertence politicamente ao estado brasileiro de Mato Grosso, uma área duas vezes o tamanho da Espanha, mas com 3 milhões de habitantes: um “deserto” verde, no coração do Brasil, onde a floresta amazônica começa e termina um dos biomas mais importantes do mundo (embora bastante desconhecido), chamado Cerrado.
“A primeira coisa que chamou minha atenção foram as distâncias. Geográficas, sociológicas e espirituais. Foi como pousar em outro mundo. Havia proprietários de até um milhão de hectares de terra. Capitalismo feroz financiado pelos militares. Era a terra de ninguém, onde nascer e morrer era fácil e onde era difícil viver. Mas também era uma terra de sonhos lucrativos para os ricos.”
Esta é a primeira imagem que temos da chegada de Pedro Casaldáliga e Manuel Luzón no Araguaia. Era agosto de 1968 e o Pedro estava com 40 anos.
Em face da violência, pobreza e escravidão, era necessário decidir: ou era ao lado dos meus pobres, com todas as consequências, ou a visão era pesada e os ricos eram favorecidos. Como explica Francesc Escribano: “Lá, as posições “mornas” não são apenas inúteis, mas também impossíveis. É por isso que Casaldáliga teve que agir. Ele fez opção inequivoca e radicalmente em favor dos pobres e dos oprimidos “.
Esta posição, no entanto, não foi fácil: significava declarar a guerra, abertamente, aos latifundiários e aos militares. A ditadura não demorou para colocar a Prelazia de São Félix do Araguaia na mira da repressão.
“Era hora de escolha, uma opção rasgada que era contra o meu próprio temperamento, contra o desejo natural de estar bem com todos, contra a formação da gentileza “evangélica” recebida… um rasgão que continua a se sentir na vida”.
A radicalidade de Casaldáliga, no entanto, não deve ser confundida com “excesso”. O Pedro tem absoluta clareza de ideias, é verdade; possui um compromisso inabalável, também; mas acima de tudo, Pedro é uma inteligência privilegiada que o levou a ser capaz de se opor aos poderosos protegendo os mais fracos. Pedro Casaldáliga é, acima de tudo, sabedoria.
Desde o primeiro dia, Casaldáliga foi um bispo diferente. Ele decidiu não usar mitra, nem báculo, nem anel. O anel episcopal que ele carrega é o que os índios Tapirapé deram. Ele sempre disse que não quer nenhum luxo ou conforto que não possa encontrar nas casas de seus vizinhos. A casa do bispo de São Félix, sempre está aberta a todos. Não teve TV nem geladeira até cumprir os 70 anos.
L’habitació de Pere Casaldàliga no ha tingut mai porta.
O bispo Pedro é uma pessoa “normal”. Com um senso de humor brilhante. Como escreveu Paco Escribano no mesmo artigo no Diário Ara: “Se eu tivesse que enfatizar uma característica da sua personalidade, poderia dizer a coerência, a radicalidade, a espiritualidade … mas a verdade é que o que mais me surpreendeu foi o seu senso de humor.”
Casaldáliga é capaz de ver além, de sentir coisas que os outros não sentem. A sua presença nos faz sentir uma profunda onda de renovação interior. Mas, ao mesmo tempo, o bispo lava a louça do almoço, coloca as roupas sujas pra lavar ou varre o quintal com toda a naturalidade. A humildade de Casaldáliga é vivida com toda tranquilidade. O luxo, ou mesmo o conforto, não fazem parte da sua vida. Pronto. A pobreza é e tem sido o seu modo normal de viver.
Achamos que não é exagerado dizer que o mundo não é o mesmo depois da vida, obra e trabalho de Pedro Casaldáliga. Ele chegou em uma região esquecida, onde “não conseguimos encontrar nenhuma infraestrutura administrativa, nenhuma organização de trabalho, nenhum controle. A lei era a lei do mais forte. O dinheiro e o 38 eram impostos” e, 50 anos depois, encontramos um povo vivo que luta; movimentos sociais que ajudam e denunciam os que mais sofrem e, sobretudo, uma sociedade mais consciente dos desafios que a Humanidade tem pela frente.
Se hoje podemos falar em meio ambiente, em desigualdades, em povos indígenas ou em direitos trabalhistas é, em grande parte, graças ao trabalho e à visão de Casaldáliga.
É verdade que no Araguaia ainda sofremos as conseqüências de lidar com os poderosos. É verdade que a pobreza e a fome ainda fazem parte do cotidiano desta região. Nós não podemos dizer que a guerra ganhou.
Mas Pedro Casaldáliga foi fundamental para que hoje, especialmente na América Latina, encontremos sindicatos, pastorais sociais, ONGs, movimentos associativos e até uma Igreja diferente. Essa é a esperança que Pedro semeou e que cresce “apesar dos pesares neoliberais e eclesiásticos”, como ele diz.
Dom Pedro continua morando em São Félix do Araguaia. Ele nunca voltou para a Catalunha, nem quando a mãe dele faleceu. Ele vive há alguns anos com o Parquison e, agora, aos 91 anos, “ele não se expressa profusamente com palavras e escritos, que sempre foram muito marcantes. E isso certamente é um grande sofrimento. Mas Pedro se comunica de outras maneiras, com gestos, olhares, apertões fortes em nossas mãos, e nos dá a bênção com os gestos de suas mãos. As pessoas sabem que ele está lá, é o Pedro, e que ele nos reconhece “, explicou Maria Júlia Gomes Andrade à revista Brasil de Fato.
O Pedro continua a ser inspiração, força e compromisso. Do Araguaia, trabalhamos com a organização que ele fundou em 1974. Apoiamos os trabalhadores sem terra, os camponeses que querem plantar, as mulheres vulneráveis e os povos indígenas que ainda enfrentam muitos desafios.
“Nespresso i Starbucks compraram café de fazenda com trabalho escravo”.
Com essa manchete, a ONG Repórter Brasil, especializada em trabalho escravo, denunciava em abril deste ano o caso da fazenda Cedro II no estado de Minas Gerais, flagrada com casos de trabalho escravo, continuava vendendo café para a Nestlé e a Starbucks.
A legislação brasileira usa o termo “análogo à condição de escravo” para se referir a situações degradantes de trabalho (sem saneamento, sem alojamento, sem alimentação adequada, sem segurança, etc.), ou por dias de serviço intermináveis e até em situação de privação de liberdade, mesmo que seja alegando endividamento do trabalhador.
Assim, de acordo com o Art. 149 do Código Penal Brasileiro, menter alguém nessas condições é um crime punível com pena de prisão entre dois e oito anos e multa econômica.
A realidade, no entanto, é que o número de trabalhadores sujeitos a essas condições é contado por milhares no Brasil. E não estamos exagerando: de acordo com dados oficiais do Ministério do Trabalho, de 1995 até hoje, no Brasil foram resgatados mais de 50.000 pessoas em condição análoga à de escravo.
De 1995 a 2015, no Araguaia, 1.970 trabalhadores foram resgatados em condições análogas às da escravidão. Mas a conta real é certamente muito maior, já que os promotores do Ministério do Trabalho não têm os recursos necessários para realmente fazer um controle exaustivo nesta imensa região da Amazônia.
Destaca o caso de que em uma única fazenda, dedicada à fabricação de álcool, na ciudade de Confresa, onde foram resgatados 1.200 trabalhadores que viviam na escravidão, no que se tornaria a maior operação contra o trabalho escravo no Brasil.
Conforme publicado por Leandro Sakamoto, da Agência Carta Maior.
“A situação aqui é horrível. Há superlotação das acomodações, que exalam um mau cheiro insuportável. A única água que recebe tratamento é aquela que vai para as caldeiras e não para os trabalhadores. A comida estava estragada, danificada. O caminhão chega jogando a comida no chão.
Pior do que a comida que é dada ao bicho, porque pelo menos tem coxo”.
Como explica a Comissão Pastoral da Terra (CPT):
“Tendo em vista as recentes medidas adotadas, como a felixibilização dos direitos dos trabalhadores com a Lei nº 13.467 / 2017 e a liberalização total da terceirização através da Lei nº 13.429 / 2017, a previsão é aumentar o número [de trabalhadores explorados], já que essas medidas fortalecem a posição dos empregadores e pavimentam o caminho para legalizar formas modernas de escravidão ”.
Parece lógico pensar que em um contexto de tal fragilidade, onde ainda temos que falar de trabalho escravo!, promover ou adotar medidas para tornar o mercado de trabalho mais “flexível”, diminuíndo o peso das empresas públicas (que pelo menos garantem que não haverá exploração de seus trabalhadores), etc. representa um grande risco para a multiplicação de situações de escravidão ou, pelo menos, de condições degradantes de trabalho.
Mesmo assim, o governo brasileiro, implementando a sua agenda ultra-liberal, está se movendo de forma constante para a insegurança no trabalho, o que no Brasil significa algo mais do que ter carteira assinada ou não ter.
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