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Visita virtual-espiritual ao túmulo de Pedro Casaldáliga

Visita virtual-espiritual ao túmulo de Pedro Casaldáliga

Visita virtual-espiritual ao túmulo de Pedro Casaldáliga

Faça uma visita virtual-espiritual ao túmulo de Pedro Casaldáliga, conhecendo os lugares mais significativos de sua vida no Araguaia.

Aproveitando as imágens do Google Maps e com as fotografias que colocamos à sua disposição visitaremos espiritualmente a cidade de São Félix do Araguaia, onde Casaldáliga chegou em 1968 e morou até o dia de sua morte em 8 de agosto de 2020.

Imagem 1: o entorno

Essa é uma animação do lugar onde se encontra a cidade onde Casaldáliga viveu por mais de 50 anos e onde foi sepultado no passado 12 de agosto: São Félix do Araguaia.

A cidade está situada no centro-oeste do Brasil; no Mato Grosso; na divisa com o Tocantins; no extremo sul da Amazônia; a 1.200 km ao norte de Brasília.

São Félix do Araguaia conta hoje com 11.000 habitantes embora o município tem uma área equivalente a metade de toda a Bélgica.

Emancipado politicamente em 1976, a cidade está situada à margem de um dos grandes rios do Brasil, o Rio Araguaia. Lá, «o rio mais lindo do mundo», como o chamou Casaldáliga, atravessa a região de sul a norte, embora o faça em curvas sinuosas, como os grandes rios tropicais. De sua passagem por São Félix, ainda lhe restam mais de mil quilômetros para desaguar, juntando-se ao rio Tocantins, no Amazonas.

L'entorn de São Félix do Araguaia

Toda a Prelazia da qual Casaldáliga foi bispo está dentro da «Amazônia Legal» .

No entanto, a vegetação da região é fruto do encontro dos dois maiores biomas do Brasil: de um lado, encontramos inúmeras expressões vegetais típicas da savana mais biodiversa do mundo, o Cerrado; e, do outro lado, podemos nos sentir dentro da grande exuberância característica da floresta amazônica.

Imagem 2: a cidade

Aproximació a São Félix do Araguaia

Mais perto, a mil metros de altura, podemos avistar toda a cidade de São Félix, entre o rio Araguaia ao leste (à direita da imagem) e a saída da cidade pela estrada de terra (a Rodovia BR-242) à oeste (esquerda).

Na margem direita do rio Araguaia está a Ilha do Bananal, «a maior ilha fluvial do mundo», do tamanho de El Salvador, localizada entre os dois braços do Araguaia.

Na imagem também podemos ver o pequeno aeroporto municipal localizado no bairro chamado Vila Santo Antônio.

Abrindo o link do Google também se poderá ver a «casa do bispo» onde Casaldáliga morou por mais de 30 anos . É uma casa exteriormente muito semelhante às outras casas vizinhas, embora por dentro seja uma das mais simples de toda a rua, ainda hoje. Este era o ‘palácio episcopal’ da Prelazia.

Imagem 3: o centro

Centre de São Félix do Araguaia

Descemos mais um pouco para ver São Félix com mais detalhe. Em primeiro lugar, destaca-se esse «triângulo», que é o que poderíamos chamar de bairro «velho» da cidade. No topo, à direita, encontra-se o Cemitério Karajá, onde está a sepultura de Pedro Casaldáliga e para onde vamos. À direita o grande rio Araguaia, descendo para o norte (acima na imagem), em direção ao Amazonas.

No centro da imagem você também pode ver a igreja deste bairro triangular. Trata-se da Catedral de São Félix do Araguaia . Nela se poderá ver o mural que Casaldáliga ecomendou ao pintor Maximino Cerezo Barredo e que se tornou o ícone mais difundido e reconhecido da Igreja da Libertação. Na fachada da Catedral podemos ver outro grande mural, feito de azulejos, também de Cerezo Barredo, representando a Assunção de Maria, padroeira do templo (ambas as imagens, e outras do local, podem ser vistas no Google Maps ou indo AQUI).

À esquerda da imagem, vemos realçada novamente a «casa do bispo» , no final do bairro antigo, próxima do outro grande bairro da cidade. Foi Casaldáliga quem escolheu a casa, pela sua simplicidade e pela sua pobreza: as paredes de tijolo de barro, o telhado “Eternit”, as janelas de tábua que se fecham rodando uma tramela de madeira, o chão de cimento, sem cerâmica … e as portas sempre abertas. A porta do quarto de Casaldáliga foi sempre uma cortina simples: nunca teve porta em seu quarto.

Um pouco mais à direita da imagem, entre a casa de Pedro e a Catedral de São Félix, encontramos a sede da associação que Casaldáliga e a sua equipe fundaram durante a ditadura militar para trabalhar junto aos camponeses e os povos indígenas: a Associação ANSA , que ainda é referência de ação social no Araguaia graças a doações solidárias de pessoas ao redor do mundo.

Imagem 4: Os “missionários”

Primera Esglèsia

Descemos mais um pouco para chegarmos mais perto do centro de São Félix. Quando os missionários claretianos chegaram com Casaldáliga em julho de 1968, a cidade era apenas um povoado junto ao rio.

A menos de 100 metros do cais, havia a pequena capela sertaneja, o sino era sustentado por dois troncos de árvore. Por aquela pequena capela, aproximadamente uma vez a cada ano, passavam alguns missionários, principalmente salesianos, para celebrar missa e administrar os sacramentos às pessoas da região. Eram as famosas «desobrigas» (celebrações da Páscoa…).

P

Os claretianos Pedro, José María Gil e Leopoldo Belmonte, junto a um grupo de posseiros em frente à primera capela de São Félix. Imagem: Arquivo Prelazia de São Félix do Araguaia.

No local onde estava aquela primeira capelinha, foi erguida uma cruz como lembrança, que ainda podemos ver nas imagens que te oferecemos no GoogleMaps.

Casaldáliga morou primeiro ao lado dessa primeira capelinha. No quintal daquela primeira casa foram plantadas duas mangueiras , que hoje têm mais de 50 anos e se erguem majestosamente, reverenciando o rio Araguaia.

Daquela varando sobre o rio, em uma noite de luar, Casaldáliga escreveu seu poema para o Che, escutando comentários internacionais sobre ele no rádio de onda curta:

«Escucho, al transistor, cómo te canta
la juventud rebelde,
mientras el Araguaia late a mis pies,
como una arteria viva,
transido por la luna casi llena.
Se apaga toda luz. Y es sólo noche

….

Primeira Capela e casa dos Padres em São Félix

«A casa que se vê ao lado é a primeira casa da Prelazia, onde o Pedro e eu moramos em 1969 e 1970. Era uma casa com apenas um quarto e a cozinha. Foi a casa onde se hospedava Leonardo Vilas-Boas e depois, até a nossa chegada, foi uma casa onde se vendia carne. Durante o ano de 1970 foi construída outra casa, porque a equipe foi crescendo e onde hoje é a sede da Prefeitura Municipal … ». (Leopoldo Belmonte)

Esta nova casa, bem como a casa das irmãs de São José, vindas para se incorporar à Prelazia recém criada, foram construídas na primeira fileira de casas à beira do rio, em frente à capela. Logo foi necessário construir uma igreja maior, que é a atual Catedral da Prelazia de São Félix do Araguaia.

Imagem 6: O funeral

Centro Comuniário Tia Irene

Ao Norte de São Félix do Araguaia, já quase na saída da cidade, poderá ver o prédio do «Ginásio», a primeira escola de ensino fundamental completo que a região teve. Era a prioridade pastoral para o desenvolvimento integral do Araguaia. A Irmã Irene Franceschini, chanceler da Prelazia e alma do impressionante Arquivo da mesma, foi também a secretária dessa primeira escola.

Apesar de ter sido desmantelado pela ditadura em 1973 o «Ginásio Estadual do Araguaia» tornou-se referência da educação na região e no estado de Mato Grosso e foi semente da formação política de muitos e muitas no Araguaia.

O prédio do ginásio foi transformado em Centro Comunitário para as diversas atividades da Prelazia e hoje se chama, «Centro Comunitário Tia Irene» , em homenagem à mulher que dedicou sua vida ao Araguaia. Nesse local se realizou a celebração eucarística da Páscoa de Pedro, que muitos de nós e vários milhares de pessoas em todo o mundo acompanhamos online.

No dia do enterro de Casaldáliga, a procissão saiu para a rua (em direção ao rio), dobrou à esquerda, para o norte, levando o corpo de Casaldáliga para o cemitério, a cerca de 200 metros. Seu caixão foi carregado pelo povo, pelos agentes de pastoral e pelos «guerreiros indígenas Xavante», pintados com suas cores rituais.

[Pensemos por um momento no significado de valor histórico da imagem de um Povo Indígena carregando o corpo de um bispo, talvez único neste Continente indígena conquistado pela Cruz e pela Bíblia: guerreiros de um Povo Indígena sepultam com as mais altas honras um bispo missionário que sempre foi «contra a Conquista e sua mal chamada evangelização»].

Imagem 5: O lugar da ressurreição

Tomba on descansa Pere Casaldàliga

Esta é uma vista de perto do túmulo de Pedro Casaldáliga. Estamos perto o suficiente para «adivinharmos» a terra que abraça seu caixão, embaixo de um pé de Pequi (pequizeiro, Caryocar brasiliense), a 50 metros da água do Araguaia, que beija e mima, com devoção, o humilde morro do cemitério.

Este retângulo vertical, sugerido por suas pequenas paredes, é o cemitério onde foram sepultados os ancestrais indígenas, «legítimos imperadores da América», como Casaldáliga os chama na «Missa da Terra sem males»

Praticamente até o início do século 20, toda a região era habitada apenas por esses povos e São Félix só teve habitantes não indígenas a partir de 1941. Porém, com a chegada do agro-capitalismo, principalmente a partir dos anos 60, – desta vez não em busca de ouro, mas de terra, latifúndio -, o cemitério teve que receber os trabalhadores sem terra; os ‘peões‘ maltratados e mortos pelos latifundiários e as companhias do agronegócio; as crianças morrendo de fome e malária … e a própria população local.

Casaldáliga explica com paixão testemunhal em seu «diário de missão» como a sua alma se quebrava com os enterros que ele próprio celebrou nos seus primeiros anos de missão neste cemitério.

Por isso, em seus últimos anos, pediu, «se não fosse um privilégio», ser sepultado ali, junto com os índios, os sem-terra, os peões, as crianças,…as pessoas anônimas do Araguaia, os mais pobres, «quase sempre sem caixão, muitas vezes sem nome»…

Imagem 6: Diante do túmulo de Casaldáliga

Pedro Casaldàliga descansa pa beira do Rio Araguaia

Você está diante do túmulo de Pedro Casaldáliga.
Recolha-se, em um momento de silêncio,
em plena comunhão com este irmão.

Obrigado por ter nos acompanhado

Para facilitar a visita, você pode usar os links a seguir:

Uma vez com o mapa de São Félix na tela, identifique esses seis pontos (cada um marcado com seu pequeno círculo como um marcador de local):

1) Na avenida que cruza a cidade ao pé do morro, encontramos a Casa do bispo Pedro Casaldáliga: AQUÍ

2) Um pouco mais pra direita (indo para o rio), veremos a Associação ANSA, fundada por Casaldáliga e a sua equipe en plena ditadura militar para trabalhar junto aos camponeses e indígenas e que ainda funciona graças às doações solidárias.

3) Na mesma avenida, podemos encontrar a Catedral Nossa Senhora da Assunção, onde o Pedro celebrava missa todos os domingos.

4) A primeira Igrejinha (capelinha) de São Félix do Araguaia, antes de ter sido criada a Prelazia, na beira do rio Araguaia, próxima à Prefeitura Municipal.

5) No lugar mais ao norte da cidade, poderemos ver o túmulo de Pedro Casaldáliga, no cemintério Karajá, no lugar mais ao norte da cidade.

6) Antes, poderemos ver o Centro Comunitário ‘Tia Irene’, lugar de reuniões da Prelazia e de toda a cidade, construído com a solidariedade da Catalunha e onde se encontra o Arquivo da Prelazia de São Félix do Araguaia, que tem mais de 250 mil documentos classificados.

Em cada um desses lugares, se você clicar no pequeno círculo, poderá ver varias fotografias que estamos postando. São muitas imagens, incluindo a celebração do sepultamento de Casaldáliga.

José Maria Vigil e
Raul Vico, Associação ANSA

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8 de setembro de 2020

A vida de Pedro Casaldáliga

O impacto da morte de Casaldáliga (Pere, dom Pedro, Pedro), tem sido enorme, impressionante, não apenas nos espaços eclesiásticos. Merece, sem dúvida, uma reflexão.

Surpreende que aquele jovem de Balsareny que entrou no seminário de Vic e depois nos Missionários Cordimarianos-Claretianos, bem na época da ditadura de Franco e da Igreja de cristiandade pré-conciliar, ao ir para o Brasil tenha se tornado um Santo Padre da Igreja dos pobres e profeta da libertação.

Velatorio de Casaldàliga en el Santuario de los Mártires de la "Caminhada", en su Prelatura del Araguaia

Casaldáliga morreu numa cidade perto de São Paulo e os seus restos mortais foram levados para a sua cidadezinha de São Félix do Araguaia. No caminho, o seu corpo foi velado por centenas de pessoas da sua Prelazia que queriam dar-lhe um último adeus. Foto: Dagmar Talga.

De onde foi que Casaldáliga tirou a força para trabalhar pastoralmente em São Félix do Araguaia com os Tapirapé e os Xavante; para defender os posseiros contra os latifundiários; para promover organizações e movimentos sociais e eclesiásticos no Brasil e em toda a América Latina; para criticar o Império do Norte e dizer a Pedro para deixar a cúria, desmantelar o sinedrio, a muralha e abandonar os filactérios? Como teve a liberdade profética de amaldiçoar as cercas e a propriedade privada que escravizam a terra e os seres humanos? Quem o fez resistir às ameaças de morte dos poderosos e às críticas, suspeitas e vetos dos seus irmãos de báculo e mitra?

Como conseguiu enfrentar a pobreza, as longas viagens de ónibus, a solidão e as limitações finais do irmão Parkinson, enquanto o seu coração estava alegre e “cheio de nomes”? De onde veio a sua esperança de que, embora sejamos combatentes derrotados, a nossa causa é invencível, caminhamos em direcção à Terra sem Males, em direcção à utopia, em direcção à Esperança com maiúscula?

En las despedidas de Casaldáliga estuvieron presentes los símbolos de su vida a favor de los trabajadores rurales y los Pueblos Indiígenas

Nas despedidas a Pedro Casaldáliga, os símbolos que representam as suas causas a favor dos trabalhadores rurais, dos Povos Indígenas e contra a propriedade privativa estavam muito presentes. Foto: Dagmar Talga.

Pedro não morreu de pé como as árvores, mas na cama, quase sem conseguir falar e totalmente dependente dos outros, não tendo nada, não carregando nada e não podendo nada.

Estamos diante de uma vida misteriosa. Ele não foi um simples planificador pastoral, não foi sociólogo, nem economista. Não foi apenas um revolucionário político. Qual foi a raiz última da sua vida, qual é o seu mistério oculto? Felizmente, a sua poesia oferece-nos a chave hermenêutica da sua vida.

Não se trata apenas de poemas estéticos, mas místicos, como os de São João da Cruz, que nos abrem para o Mistério último, para um Você, um Você com quem ele tem uma relação que não é meramente individual e religiosa, mas histórica, que o leva a subir e descer do Monte Carmelo, para ouvir o Vento do Espírito na rua.

Página del libro "El tiempo y la espera" de Pedro Casaldáliga

«El tiempo y la espera» é um dos livros de poesia que Casaldáliga dedica: “Aos pobres, aos mártires, aos contemplativos, aos militantes e teólogos da libertação, para os quais e com os quais -por Ele, com Ele e para Ele- o tempo se torna cristão e e esperança esperançada”.

Esse Você é Jesus de Nazaré, versão de Deus na limitação humana, feito homem no ventre de Maria e classe na oficina de José. Para Casaldáliga, Jesus de Nazaré é a sua força e o seu fracasso, a sua herança e a sua pobreza, a sua morte e a sua vida. É o Jesus da cova de Belém e dos pastores, das bem-aventuranças, dos pobres e dos pequenos, das mulheres fiéis, da paixão e da cruz, do Jesus do Reino, do amor feito alimento.

Esse Jesus é pedra de escândalo e pedra angular, como também são os pobres; é o libertador total, assassinado pelo Templo e pelo Império, mas cujo túmulo vazio, tal como os túmulos do povo massacrado, anuncia a manhã da Páscoa. Para Casaldáliga existem apenas dois absolutos: Deus e a fome; onde há pão, lá está Deus.

O bispo de São Félix foi sempre tocado pelo capítulo 21 do evangelho de João, que ele o entendia como uma síntese da sua vida: a abundante pesca no lago de Tiberíades depois do fracasso da noite escura, enquanto na margem uma personagem misteriosa o convida para almoçar e pergunta a Pedro se ele o ama: «Jesus de Nazaré, filho e irmão,/ vivendo em Deus e pão na nossa mão,/ caminho e companheiro da viagem,/ libertador total da nossa vida/ que vem pelo mar, com a aurora,/ as brasas e as feridas ardentes».

Pedro Casaldáliga en el Río Araguaia

«No amanhecer pascal da ressurreição, à beira do Araguaia, há Alguém que o espera de braços abertos para partilhar o pão.»

Agora, finalmente, Casaldáliga está enterrado junto ao rio Araguaia, um rio que simboliza o Mar Vermelho, o Jordão e o lago de Tiberíades. E no amanhecer da Páscoa da ressurreição, à beira do Araguaia, há Alguém que o espera de braços abertos para partilhar o pão. E talvez uma garça branca vigie a sua sepultura. O mistério da vida de Casaldáliga nos foi finalmente revelado. Os pobres o ensinaram a ler o evangelho.

Obrigado, Pedro, porque com a tua transparente vida evangélica, você nos aproxima do Mistério último e no meio das noites escuras, você faz mais confiante a nossa fé.

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Chegar até uma região marcada pela desigualdade e a violência mudou a vida de Pedro Casaldáliga e Manuel Luzón. Os dois, da Congregação dos claretianos, assumiram a “missão” de colocar no mapa uma terra “esquecida”. Hoje a região de Araguaia é um símbolo mundial de luta e coerência. Foi assim que eles começaram.

20 de junho de 2020

A vida de Pedro Casaldáliga

Diário de Casaldáliga:

«O trabalho está sendo mais intenso nestes dias. A tensão, a preocupação, o esforço para esclarecer, semear, conscientizar, evangelizar tem sido difícil … mas as alegrias também são muitas.

Ontem mesmo tivemos uma reunião com o “Conselho da vizinhança” – que sugerimos como uma autoridade popular -: quatro rapazes muito bons, de verdade. O povo votou maravilhosamente bem e com maturidade. Ontem também nos encontramos com os responsáveis da Oração da Comunidade Dominical – dois homens casados, uma mulher casada e uma menina; mais duas mulheres que cuidam da limpeza, da luz, das flores …

Primera Assemblea Pastoral. Pere Casaldàliga

As “campanhas missionárias” eram visitas periódicas a cada uma das comunidades da Prelatura de Casaldáliga (que tem o tamanho do estado de Alagoas). Sempre a cavalo, esse trabalho se fazia durante meses.

As famílias, em mutirão, estão terminando de construir sua igreja – “Casa do povo de Deus” -, todas feitas de material artesanal, madeira, barro, troncos de palmeira … e com as ferramentas do seu serviço, de sua vida, presidindo o culto: uma enxada, um facão, … um pilão para pisar o arroz… […]

As “campanhas missionárias” são uma experiência rica e impressionante. Válidas, realmente. Um novo entendimento com as pessoas e seus problemas e esperanças . Uma evangelização simples, direta e “total”. Um bom princípio da comunidade cristã …Será a partir das campanhas que iremos começar a concretizar, cultivar, nos comprometer, construir a verdadeira comunidade (8-6-71).

Poderia contar muitas experiências desta primeira campanha missionária … Estamos em plena tensão social-evangélica: tudo é o mesmo. Deus fez o homem feliz e santo. Um filho de Deus é sempre um príncipe, o próprio Cristo. Eu amo cada uma dessas criaturas sertanejas!

No domingo, batizei 73 novos cristãos: alguns adultos. Tínhamos preparação para pais e padrinhos. No próximo domingo, a Primeira Eucaristia será celebrada por cerca de 60 meninos e meninas, a grande maioria dos quais já está grandinho. No dia 26, o povo votará em seu “Conselho de Vizinhança”: um tipo de autoridade popular que inventamos para promover a união e o progresso desses “patrimônios” [comunidades isoladas em formação].

Pere Casaldàliga visitant les comunitats de la seva Prelatura

Estar no meio do povo, dividindo alegria e tristezas; derrotas e vitórias, como mais um, tem sido uma característica marcante da Prelazia de Casaldáliga: até hoje, no Araguaia, todo mundo o chama de “Pedro”.

Estamos celebrando uma liturgia muito animada, muito próxima e muito clara.

E partilhando estes mil momentos, nos tornamos cada vez mais povo.

Estou andando muito de cavalo: ontem fizemos cerca de 20 quilômetros para fazer um casamento: a noiva está esperando seu terceiro filho e não pôde vir até tão longe; e o marido veio me procurar: ele me trouxe uma mula digna de um bispo da Idade Média … Esses encontros são fabulosos: se cria um clima de amizade apostólica, muitos dos que estavam distantes se aproximam de Deus, a consciência e a dignidade humana são estimuladas, os direitos dos pobres defendidos, uma comunidade, uma Igreja …

No início de julho, visitarei “a nossa” comunidade de Serra Nova – o maior conflito –. Decidimos iniciar a segunda Campanha Missionária lá, no dia 6 de agosto. Os fazendeiros estão nervosos e as pessoas precisam de um “aconchego”, muito clerical, talvez, mas é o único que lhes podemos oferecer, infelizmente pelas estruturas … Orem pela segunda Campanha. É um plano apostólico que precisa de muitas ajudas.

A terra continua sendo uma obsessão quente e vital: uma meta da Redenção. Cristo fez uma redenção total … Alguns dias atrás, andando de tropa, um dos camponeses que me acompanhava me disse: «Digo às pessoas que vale a pena ouvir vocês; que vocês falam as coisas que ninguém tinha ousado dizer; que vocês falam sobre assuntos que nos afetam… »

E continuamos conversando, sertão afora, sobre a “nova Igreja” que o Espírito está cultivando acima dos tradicionalistas e progressistas e curialistas subterrâneos.»

Pedro Casaldáliga, 23 de junho de 1971.

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Casaldáliga e a sua equipe são conhecidos e respeitados pelo seu compromisso radical com os pobres e pela sua posição abertamente contra os poderosos. Talvez a experiência dele possa nos servir de guia ou inspiração.

Este é um trecho do documento que publicou em todo o Brasil no dia da sua consagração episcopal, no momento em que a perseguição à sua igreja estava mais forte e quando os mortos pelo latifúndio somavam dezenas.

26 de junho de 2020

A vida de Pedro Casaldáliga

Nós – bispo, padres, irmãs, leigos engajados – estamos aqui, entre o Araguaia e o Xingu, neste mundo, real e concreto, marginalizado e acusador, que acabo de apresentar sumariamente. E somos aqui a Igreja “visível” e “reconhecida”.

Ou possibilitamos a encarnação salvadora de Cristo neste meio, ao qual fomos enviados, ou negamos nossa Fé, nos envergonhamos do Evangelho e traímos os direitos e a esperança agônica de um povo de gente que é também povo de Deus: os sertanejos, os posseiros, os peões; este pedaço brasileiro da Amazônia.

Porque estamos aqui, aqui devemos comprometer-nos. Claramente. Até o fim. (Somente há uma prova sincera, definitiva, do amor, segundo a palavra e o exemplo do Cristo). Eu, como bispo, nesta hora de minha sagração recebo como dirigidas a mim as palavras de Paulo a Timóteo: “Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor, nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus” (II Tim 1,8).

Não queremos bancar os heróis, nem os originais. Nem pretendemos dar lição a ninguém. Pedimos só a compreensão comprometida dos que compartilham conosco uma mesma Esperança.

Olhamos com bastante amor a terra e os homens da Prelazia. Nada dessa terra ou desses homens nos é indiferente. Denunciamos fatos vividos e documentados. Quem achar infantil, distorcida, imprudente, agressiva, dramatizante, publicitária, a nossa atitude, entre na sua consciência e leia com simplicidade o Evangelho; e venha morar aqui, neste sertão, três anos, com um mínimo de sensibilidade humana e de responsabilidade pastoral.

Pere Casaldàliga a casa seva a São Félix do Araguaia

O Vaticano II, Medellín, o Sínodo; a voz das Conferências Episcopais do Terceiro Mundo; o Evangelho – antes e sempre -, não só coonestam como também reclamam essa ação abertamente comprometida. Já passou a hora das palavras (não certamente a hora da palavra), das conivências e das esperas conciliadoras. (Será que alguma vez foi essa hora?). “Quem não está comigo, está contra mim; quem não recolhe comigo, espalha” (Lc 11, 23). “Não basta refletir, obter maior clareza e falar. É preciso agir. Esta não deixou de ser a hora da palavra, mas tornou-se, com dramática urgência, a hora da ação.” (Medellín, introdução).

Queremos e devemos apoiar o nosso povo, pôr-nos ao seu lado, sofrer com ele e com ele agir. Apelamos à sua dignidade de filho de Deus e ao seu poder de teimosia e de Esperança.

Chamamos angustiosamente a toda a Igreja do Brasil, à qual pertencemos. Pedimos, exigimos fraternalmente, sua decisão, e a corresponsabilidade plena na oração, no testemunho, no compromisso, na colaboração de agentes e meios pastoral. (Na mente de quase todos os que ainda lutam desinteressadamente, somente a Igreja parece ter uma possibilidade decisiva nesta hora). Da CNBB – na qual agora mais confiamos – pedimos o cumprimento, pronto e eficaz, de um programa decididamente realista no compromisso que ela publicamente assumiu sobre a Amazônia, com caráter de prioridade.

Trecho do documento “Uma Igreja da Amazônia em conflito com o latifúndio e a marginalização social”, de 1971.

 

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