“Assumimos a responsabilidade de continuar o trabalho de Pedro Casaldáliga”
“Para que haja um novo mundo, deve haver novas relações”. Estas são palavras de Pedro Casaldáliga que foram lembradas nesta terça-feira à noite na apresentação da Fundação que leva seu nome. Um evento que reuniu, sobretudo, pessoas do Brasil, da Catalunha e do resto da Espanha, reunidas para recordar este “profeta da esperança” no aniversário de seu nascimento.
Assim nasceu uma entidade dedicada a zelar pelo seu legado e pela continuidade de suas causas. “Até agora esta tarefa tinha sido fácil porque Pedro nos guiou nas ações que tínhamos que fazer; com sua morte ele nos deixou um grande vazio e também a responsabilidade de continuar todo este trabalho e as causas pelas quais lutar”, explicou a presidente desta nova entidade, Gloria Casaldáliga.
“Da Fundação compartilhamos a idéia de que o lugar, o lugar de referência na Catalunha e na Europa do legado de Pedro deve ser Balsareny”, disse ela. Na diocese de São Félix do Araguaia a entidade trabalhará para apoiar a Associação ANSA, criada por Dom Pedro e Irmã Irene Franceschini na década de 70 e que hoje trabalha para a recuperação ambiental da região, promove a justiça e a paz, e atende às necessidades sociais da região.
Quanto ao legado físico, a Fundação Pedro Casaldáliga apoiará a musealização da casa onde Casaldáliga viveu. Também o seu arquivo, que tem mais de 250.000 documentos, uma amostra “da luta pela terra, da causa indígena e da Teologia da Libertação“. Outros espaços emblemáticos que a Fundação pretende ajudar a preservar são o Santuário dos Mártires, onde o padre João Bosco foi assassinado, e o mesmo cemitério, às margens do rio Araguaia, onde o bispo Pedro foi enterrado em agosto passado.
A diretora do portal Catalunha Religião, Laura Mor, que apresentou o evento, disse que este nascimento é um sinal de que “Pedro tem gerado muita vida”. E como jornalista, sublinhou a força comunicativa do personagem, “a credibilidade de sua coerência” e “a capacidade de abalar as consciências”. Casaldáliga foi autor de mais de cem livros, incluindo poemas, cartas e artigos publicados em vários meios de comunicação. Entre seu trabalho incansável destaca sobretudo o trabalho de denunciar as estruturas que geram injustiça e exclusão.
Uma pequena amostra de sua “sensibilidade poética” de Casaldáliga foi oferecida por várias crianças que, de Mato Grosso, no Brasil, e de Balsareny, na Catalunha, recitaram poemas de Casaldáliga. Em português, nas margens do Araguaia e, em catalão, desde às margens do Rio Llobregat. “Com o rio, símbolo de vida e encontro entre os povos”, explicou Laura Mor na apresentação do recital. Mor também destacou a importância de transmitir a memória de Casaldáliga “para as novas gerações”. “Nem sempre temos que começar tudo de novo, mas precisamos de exemplos e modelos para os mais jovens”.
Como personalidade de referência e que compartilha a mesma esperança que Casaldáliga, no ato também se teve uma lembrança para o ex-presidente de Justiça e Paz, Arcadi Oliveres, ativista pela paz, que facilitou o trabalho da Associação Araguaia com o bispo Casaldáliga durante todos estes anos e que hoje enfrenta o fim de sua vida com serenidade e esperança, assim como ele viveu, aberto aos outros.
Os promotores da iniciativa encorajaram as pessoas a colaborar com a Fundação: “Com esta esperança e ilusão, convidamos vocês a apoiar este sonho, apoiando e participando de todas as iniciativas que realizamos a partir da Fundação”.
Podem recuperar o ato completo no link:
[Texto original de Laura Mor, para Catalunha Religião.]
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