A cidade da Catalunha onde Pedro Casaldáliga nasceu mergulha no seu legado com um projeto escolar e uma matiné para recordar a luta do bispo e encorajar as pessoas a seguir o seu testemunho.
Desta vez, a Fundação Pedro Casaldáliga e as organizações sociais e educativas da cidade organizaram dois eventos populares para aproximar a figura do bispo dos cidadãos e para aprender mais sobre o seu trabalho na América Latina.
Uma actividade escolar para aprofundar o conhecimento do trabalho específico de Casaldáliga
Na sexta-feira 3 de dezembro, a Escola Guillem organizou uma palestra da brasileira Zilda Martins, colaboradora da Fundação Pedro Casaldáliga, nascida no Araguaia e responsável pelo Arquivo do Bispo entre 2014 e 2017.
![L'Escola Guillem de Balsareny aprofundeix en la figura i el llegat del Bisbe Pere Casaldàliga](https://fperecasaldaliga.org/wp-content/uploads/2021/12/Zilda-Escola-Balsareny.jpg)
Os alunos e as alunas da Escola Guillem de Balsareny mergulham na figura e no legado do Bispo Pedro Casaldáliga.
As crianças da 4ª ESO estiveram muito ativas e interessadas, fazendo muitas perguntas e querendo saber muitas coisas sobre a vida do bispo e da região onde ele viveu durante mais de 50 anos.
Zilda explicou como era Pedro Casaldáliga, como ele agiu diante das dificuldades e o que fazia diariamente. Conseguiu também aproximar os estudantes da realidade de São Félix do Araguaia, sensibilizando-os para as dificuldades em termos de educação e saúde que ainda existem naquela região da Amazônia.
As crianças da 4ª ESO estiveram muito ativas e interessadas, fazendo muitas perguntas e querendo saber muitas coisas sobre a vida do bispo e a região onde viveu durante mais de 50 anos.
Uma matinê popular para manter viva a luta de Casaldáliga
Posteriormente, na quarta-feira 8 de Dezembro, dois dias antes da comemoração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, mais de 100 pessoas participaram na matinê organizada para recordar a figura do bispo e interpelar à sociedade para a continuidade de suas causas.
![Mural a favor dels drets humans que es va pintar ahir al matí i que després es va penjar al campanar](https://fperecasaldaliga.org/wp-content/uploads/2021/12/Pintant-Pancarta-Balsareny.jpg)
Um mural a favor dos direitos humanos foi pintado e depois pendurado na fachada da Igreja da cidade.
Como explica Queralt Casals, do jornal Regió7, :
As causas de Casaldáliga e o seu legado foram explicados também na palestra conjunta entre o ativista social e jornalista David Fernández e o membro da Fundação Pedro Casaldáliga Raul Vico, que falou sobre a figura do homem que foi e continua a ser um símbolo da luta para combater as desigualdades sociais.
O nome de Pedro Casaldáliga, que morreu em agosto do ano passado, está intrinsecamente ligado à luta pelos direitos humanos. O bispo de Balsareny dedicou a sua vida a trabalhar pelos direitos dos camponeses e dos Povos Indígenas da Amazônia brasileira. A sua cidade natal quis retomar o seu testemunho universal ontem, numa manhã organizada pela Fundação Pedro Casaldáliga, o Círculo Cultural de Balsareny e o Centro Instrutivo e Recreativo, que teve lugar no Casino [Centro Social] da cidade. O dia começou com um café popular, cujas receitas foram doadas aos projetos de solidariedade da Fundação, e todas as crianças que desejaram puderam colorir um mural a favor dos direitos humanos que foi pendurado na torre do sino da igreja.
![David Fernández i Raul Vico en un moment de la xerrada](https://fperecasaldaliga.org/wp-content/uploads/2021/12/Xerrada-A-Balsareny.jpg)
David Fernández ye Raul Vico em um momento da palestra
Casaldáliga hoje, na véspera da celebração do Dia Mundial dos Direitos Humanos 2021, é a melhor emenda ao mundo injusto do nosso tempo e ao mesmo tempo o melhor antídoto para a pior versão de nós mesmos.
David Fernàndez
O ponto alto da manhã veio com a palestra. Por seu lado, David Fernández, que reconheceu que “nunca conheci Casaldáliga, mas é como se sempre o tivesse conhecido”, definiu-o como “uma referência de que as coisas podem ser feitas de forma diferente“. O activista social garantiu que “Casaldáliga hoje, na véspera da celebração do Dia Mundial dos Direitos Humanos 2021, é a melhor emenda ao mundo injusto do nosso tempo e ao mesmo tempo o melhor antídoto contra a pior versão de nós mesmos”. Na mesma linha, o antigo deputado da CUP acrescentou que “Pedro é hoje, felizmente, o nosso outro mundo possível e a nossa utopia necessária e praticável contra todos os tiranos e ladrões” e apelou ao empenho nas suas causas “que no final são todas as causas do mundo que têm algo a ver com a dignidade humana”.
![Els actes van ser organitzats per la Fundació Pere Casaldàliga, el Cercle Cultural de Balsareny i el Centre Instructiu i Recreatiu, i van tenir lloc al Casino](https://fperecasaldaliga.org/wp-content/uploads/2021/12/Xerrada-a-Balsareny-2.jpg)
Os atos foram organizados pela Fundação Pedro Casaldáliga, o Círculo Cultural de Balsareny e o Centro Instructivo e Recreativo, e tiveram lugar no Casino [Centro Social] de Balsareny.
Casaldáliga não foi o bispo dos pobres, foi o bispo da subversão. Ele virou a sociedade do Araguaia, o poder político e a ditadura brasileira de cabeça para baixo e construiu uma nova sociedade.
Raul Vico
Por sua vez, Raul Vico, que conhecia de perto Casaldáliga, com quem trabalhou ativamente em São Félix do Araguaia, contextualizou o trabalho do bispo em defesa dos povos indígenas. Na sua opinião, “ele não era o bispo dos pobres, era o bispo da subversão. O bispo que virou a sociedade do Araguaia, o poder político e a ditadura brasileira de cabeça para baixo e construiu uma nova sociedade”.
Balsareny tem muito mais do que um bispo. Tem uma pessoa à frente do seu tempo.
Raul Vico
Por todas estas razões, o também colaborador da ONG brasileira ANSA disse que “Balsareny tem muito mais do que um bispo. Tem uma pessoa à frente do seu tempo que percebeu com a sua visão profética quais eram as lutas essenciais para nos tornar mais humanos individualmente e como sociedade“. Por esta razão, encorajou os presentes a “olhar com mais profundidade a dimensão da figura do bispo” e “manter limpo o caminho que ele abriu”.