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Porque tem tantos mártires na América Latina

27 ago. 2019 | As causas de Pedro Casaldáliga

“Um Povo ou uma Igreja que esquece seus mártires não merece sobreviver”, diz o Bispo Pedro Casaldáliga.

As Causas que dão sentido à vida

Assassinados por uma Causa; por vezes torturados, sempre perseguidos.

A América Latina é uma das regiões mais desiguais do planeta e, por isso, a defesa dos mais pobres é sempre um “ataque” aos mais ricos.

Na América Latina não se faz verdadeira solidariedade sem denuncia. E a denuncia é, na maioria das vezes, objeto de enfrentamento com o capital.

Quando fazer parte de um movimento social, de uma entidade de voluntariado ou de uma ONG significa tomar partido, se posicionar claramente, a realidade só admite uma opção: o compromisso radical a favor dos pobres e contra os poderosos.

Por isso, na realidade latino-americana temos numerosos casos de homens e mulheres que deram as suas vidas, movidos por sua fé e seu desejo de servir às causas dos camponeses, indígenas, trabalhadores, dos pobres.

O que é ser mártir?

Em palabras do Teólogo espanhol Juan Ignacio González Faus: “A morte do mártir não é a morte do kamikaze … O mártir, pelo contrário, recebe-a passivamente: tudo o que ele faz é não se afastar do caminho”. Assim ele age como Jesus. Além disso, acrescenta ele, “o mártir, a testemunha é aquele que dá fé. Isto é, o mártir é um gerador de fé , ele é aquele cujo testemunho é o mais credível ”.

O mártir, no significado de hoje, é aquele que dá a própria vida pela verdade. “Todo aquele que testifica a verdade, seja com palavras ou com atos ou trabalhando de alguma forma a favor dela, pode ser chamado com todos os direitos: testemunha.”

Tempo de mártires

“Este, mais do que nunca, é um tempo de mártires”. Pedro Casaldáliga.

A memória é um compromisso. Preservá-la e manté-la viva é obrigação de todas/os. Manter a lembrança das pessoas que deram a vida pelas causas da Justiça deveria ser uma de nossos prioridades.

A memória subversiva de tantos mártires é um forte alimento da espiritualidade de nossas comunidades e da resistência de nossos povos, o caminho da Libertação.

A celebração dessa memória, tão sacramentalmente eficaz, é a melhor expressão de uma gratidão que conforta e compromete.

Um povo ou uma igreja que esquece seus mártires não merece sobreviver.

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