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Perder a terra, o medo de 2.000 famílias

1 jul, 2019 | As causas de Pedro Casaldáliga

Nos anos 70, a região do Araguaia foi palco da “colonização” da Amazônia. Uma política iniciada pela ditadura militar brasileira para ocupar a região amazônica para que não fosse invadida pela ameaça “comunista”.

A propaganda do Estado e os enormes incentivos fiscais concedidos foram frutíferos: grandes empresas e proprietários de terras amigos dos ditadores adquiriram imensas áreas de selva, sem sequer levar em conta se havia povos indígenas vivendo ali. Eu não precisava deles. Centenas de trabalhadores de todos os lugares foram seduzidos a se mudar para o “tesouro verde” com a promessa de terra, comida para dojo e uma vida melhor.

A realidade, no entanto, era muito diferente da esperada: os investimentos necessários nunca foram feitos para conectar a Amazônia com o resto do país, tornando-se uma zona isolada, distante e pobre. As pessoas foram abandonadas em sua sorte, e a lei “38” prevaleceu.

Se você quiser entender como esse processo histórico de ocupação da Amazônia foi, você pode ler este artigo-resumo da BBC Brasil. 

Nesse contexto, o jornal O Estado de São Paulo publicava em 1973 um artigo relatando o processo que estava acontecendo nas terras do Araguaia.

Enquanto os soldados recorreram às aldeias de extrema pobreza, como São Félix do Araguaia, Santa Terezinha, Serra Nova ou Pontinópolis, localizadas no meio de grandes propriedades, estendendo centenas de dentes e ajudando pacientes afetados por malária, tuberculose, desnutrição e leishmania , foi possível perceber, em contato com as pessoas, muito mais do que doenças, o que elas tinham medo de perder a terra.

O Estado de São Paulo, 1973

“É necessário minimizar a ação dos padres para evitar a subversão”

E continuava o Jornal:

A paisagem urbana é resumida em pequenas casas de cimento que fazem da igreja ou da Assembléia de Deus, entre uma sucessão de cabanas de barro seco. Neste contexto, devido à omissão do poder público, o padre tem, necessariamente, muito mais funções com o corpo do que com o espírito. (…)

O presidente da Companhia de Desenvolvimento de Mato Grosso e a Federação de Agricultura do Estado, dias antes, haviam anunciado a necessidade de “minimizar a ação dos religiosos na região, como a única medida, em sua opinião, capaz de evitar a “subversão”. Mas, apesar da opinião de Muller, o que podia ser visto era um trabalho absolutamente cristão de padres que assistem comunidades pequenas e isoladas “.

Estado de São Paulo, 28 de outubro de 1973.

A detenção da equipe de Casaldáliga

Nesse mesmo ano, a polícia militar ocupa a Prelatura pela primeira vez e realiza a detenção da equipe pastoral do Bispo Casaldáliga e a tortura de Antonio Carlos Moura, colaborador da Prelazia. Três anos depois, o conflito entre Casaldáliga e os latifundiários foi acentuado e resultaria no assassinato, nas mãos de um policial militar, do padre João Bosco Penido Burnier, ao confundi-lo com Dom Pedro.

Não seria senão 33 anos depois, que o governo brasileiro reconheceu o assassinato do Padre João Bosco como crime político. 

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