O que é a Teologia da Libertação?
Pedro Casaldáliga nos contou em entrevista a José Ramón González Parada, em 2007, na revista Vento sul .
«O teologia da libertação é teologia, é sobre Deus, de relações com Deus e é teologia cristã. É da Igreja Católica, só que possui características próprias, como o lugar e o tempo em que surgiu: na América Latina, nas décadas da revolução, da reivindicação de autonomia, da reivindicação contra a dependência; e insiste em trabalhar as conseqüências sociais e políticas que o evangelho autêntico também inclui: o compromisso de nós, cristãs e cristãos, na transformação da sociedade.
A regra: Ser Livre
Queremos uma libertação integral, a libertação da ignorância, a libertação do medo, a libertação do egoísmo e do pecado, e também a libertação do pecado e das opressões econômicas e sociais que degradam a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, é também uma teologia política, porque atinge e afeta estruturas políticas e sociais. Os profetas – que terminaram todos mal – levantaram-se contra os reis, contra os invasores e anunciaram ao povo de Deus seus direitos, sua liberdade.

Mural que preside a Catedral de São Félix do Araguaia, de autoria do claretiano Maximino Cerezo Barredo. Jesús, o Ressuscitado, é carregado e elevado pelo Povo.
Jesus optou pelos pobres, respondeu aos poderosos do templo, da propriedade, do império e, é claro … Jesus era político, e não político.
Ele não era deputado, não era senador, não era presidente da república, mas viveu e anunciou o reino de Deus, justiça, fraternidade, liberdade, sua própria cultura, de acordo com a etnia de cada um.
O método: a ação
Agora, teologia da libertação não permanece em pensamento, em livros, em conferências, apóia a espiritualidade da libertação, pastoral da libertação e daí surgem aquelas várias pastorais, a da terra, a da índia, a da mulher marginalizada, da infância, da comunicação, da habitação. Todas aquelas pastorais que abrem uma opção para o povo.
O começo: o social e o econômico
Essas pastorais ainda são válidas neste momento. As comunidades eclesiais de base, típicas da teologia da libertação, estão lá. Somente para a mídia a teologia da libertação não tem o gancho que havia trinta anos atrás, a novidade aconteceu.
Lembro que os jornalistas chegaram e me disseram: Don Pedro, com licença, essa é a “teoria” da libertação; foram momentos muito críticos para a sociedade e para a igreja, era novo, agora não existe, mas ainda existe. Além disso, nos primeiros anos a teologia da libertação diferia do Evangelho e da política.
Evolução: as causas
Posteriormente, foram adicionados os principais setores que haviam sido um pouco cancelados, a mulher, a negra, a indígena, valorizando a cultura, valorizando o grupo étnico. No início, a revolução preocupou-se com o político-econômico.
Então a teologia da libertação foi enriquecida por esses movimentos setoriais e também enriqueceu o diálogo ecumênico, o diálogo entre as religiões.
Hoje o diálogo é macroecumênico; com o fenômeno da emigração …… trinta anos atrás, quem pensou no mundo muçulmano?

Uma definição
Copiamos aqui a explicação que José Manuel Vidal nos oferece na revista Religião Digital :
«A Teologia da Libertação (TdL) é uma corrente teológica composta de vários aspectos cristãos, nascidos na América Latina que já vinham forjando um olhar diferente, e que se consolidou após o Concílio Vaticano II (1959-1962) e de sua aplicação na América Latina na I Conferência do Episcopado Latino-Americano de Medellín (CELAM, Colômbia, 1968), assim como nas Comunidades Eclesiais de Base (CEB) que surgiram no Brasil na década de 1960.»
A essência da Teologia da Libertação é a defesa de que o Evangelho exige a «opção preferencial para os pobres». Ponto. Isso é a Teologia da Libertação.
No entanto, para a análise e a interpretação da realidade, a Teologia utiliza as ciências humanas e sociais como um método de apoio. Não é alheia à ciência, nem à política.
Para saber mais
Colocamos aqui três leituras recomendadas, sem pretender ser exaustivos ou acadêmicos demais para conhecer mais:
Breve história da teologia da libertação (1962-1990), de Roberto OLIVEROS MAQUEO SJ, em espanhol.
O que a Comunidade Eclesial de Base. Frei Betto, em português.
A opção para os pobres na busca pelo Reino e sua justiça. Leo Burone, em espanhol.
E, melhor, ao invés de citar aqui a quantidade de trabalhos que existem sobre o assunto, recomendamos que você acesse a Biblioteca da página amiga Serviços Koinonia, onde há uma exelente coleção de obras sobre o assunto!
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